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classificação da mucocele

Olá seguidougs! A tão amada, temida e respeitável mucocele biliar tem se tornado um achado diagnóstico cada vez mais constante na nossa rotina e, com o aumento das especialidades, a necessidade de maiores detalhes na descrição e identificação dos achados tem aumentado proporcionalmente.

Neste post vamos discutir os achados que ajudam a classificar a mucocele de vesícula biliar, uma vez que essa classificação tem sido rotineiramente solicitada principalmente pelos gastroenterólogos e endocrinologistas. Então vamos lá?


mas o que é a mucocele biliar?

Primeiro vamos deixar claro que, o diagnóstico definitivo é a histopatologia após a remoção cirúrgica da vesícula biliar, ok? Apesar disso, a ampla literatura disponível sobre mucocele deixam claro que os achados ultrassonográficos são altamente indicativos do diagnóstico de mucocele biliar. Então sim, no caso da mucocele podemos colocar como impressão diagnóstica mucocele de vesícula biliar, uma vez que estamos realizando um exame ultrassonográfico e, no caso o diagnóstico ultrassonográfico é este.

A mucocele nada mais é que o acúmulo anormal de muco espesso no interior da vesícula biliar. Este muco espesso promove aumento progressivo do conteúdo e consequentemente volume da vesícula biliar, uma vez que sua densidade não permite que seja drenado pelo ducto cístico para as vias biliares extra-hepáticas.

neste post temos um esquema de evolução da colecistite para a mucocele, de uma conferida"

Algumas condições favorecem o desenvolvimento da mucocele biliar, dentre as principais são a estase biliar e comorbidades, como endocrinopatias. Além disso, são muito mais comuns em cães do que em gatos tanto que, todo o conteúdo deste post é voltado para cães, e não gatos, ok?


achados ultrassonográficos

Mucocele biliar em cão
Cortes longitudinal e transversal de vesícula biliar com mucocele.

A característica da mucocele é dependente do grau em que observamos esta patologia. Os achados incluem a bile ecogênica, com conteúdo não dependente da gravidade, espessamento de parede com projeções anecóicas para o interior, que pela forma da vesícula biliar adotam um padrão concêntrico dessas projeções, adotando o formato tão conhecido de 'aspecto de kiwi'. Essas projeções podem ainda incluir estrias ecogênicas.

Conforme as projeções da parede se tornam cada vez mais espessas, pode haver redução do conteúdo luminal até que todo o conteúdo que observamos trata-se de muco proveniente da parede. Coisa de louco né?


você pode aprender mais sobre o que é normal com relação à vesícula biliar, lendo este post

A varredura total da vesícula biliar, nos dois planos de imagem (transversal e longitudinal) é necessária para a adequada graduação do grau de mucocele.



gravidade de cada caso

Primeiro devemos lembrar que a mucocele pode ser desde "assintomática" até apresentar clínica grave.

Coloquei assintomático entre aspas pois é difícil afirmar que o paciente não apresenta nenhum sintoma, uma vez que sintoma é aquilo que o paciente sente (e ele não nos diz), então gosto de falar que pode ser desde a 'ausência de sinais clínicos' até a sintomatologia grave.

Sinais mais discretos e inespecíficos como vômitos esporádicos, apatia e hiporexia podem ser observados, e nos casos mais graves podemos observar importante dor abdominal, icterícia, aumento de volume abdominal.

O aumento da gravidade dos sinais clínicos com sinais ultrassonográficos como esteatite efusão adjacentes à vesícula biliar podem estar associados à rotura de vesícula biliar, uma emergência de abdômen agudo.


monitoramento da mucocele?

Pois é, a literatura é clara ao dizer que a colecistectomia é indicada para os pacientes com mucocele biliar porém, para os casos "assintomáticos", existem linhas de pesquisa que sugerem monitoramento.

O medo da colecistectomia se dá pela alta taxa de mortalidade apresentada pela técnica porém, devemos lembrar que a maioria dos casos relatados deve-se a pacientes em que a decisão cirúrgica foi tomada apenas nos casos extremos, com sinais de rotura ou de rotura iminente.

Para os casos em que a tomada da decisão cirúrgica foi em situações menos graves, a coisa muda, tornando sim a colecistectomia mais segura, ainda mais com o avanço de técnicas minimamente invasivas e das video-cirúrgias.

E talvez, aí sim o monitoramento pode ter seu benefício, um vez que a tomada de decisão pode se dar através da evolução dos graus da mucocele.


e como graduar?

Para começar, devemos lembrar que existem 6 graus e que os parâmetros de classificação incluem o aspecto do conteúdo luminal e da parede.


o sedimento da vesícula também pode ser classificado, clique aqui para aprender!

GRAU I Observa-se um espessamento hipoecóico da parede mas aqui, o mais importante é o conteúdo ecogênico luminal, imóvel (não dependente da gravidade).


GRAU II

O aspecto estrelado formado pelas projeções anecóicas da parede é observado de forma incompleta, ou seja, apenas parte da parede apresenta este aspecto. O sedimento luminal ainda é observado ao centro da vesícula biliar.


GRAU III Agora as projeções anecóicas da parede promovem um padrão estrelado típico, em toda a parede porém ainda com conteúdo luminal (sedimento).


GRAU IV

Aqui, as projeções anecóicas da parede começam a apresentar estrias hiperecóicas, e a proporção de conteúdo luminal comparado à parede diminui.


GRAU V

A vesícula biliar torna-se quase que totalmente "parede". As projeções anecóicas ocupam quase que o volume total da vesículas biliar, havendo ainda algum conteúdo luminal residual.


GRAU VI Agora, as projeções anecóicas ocupam todo o volume da vesícula biliar, não sendo mais observado conteúdo luminal (nem mesmo residual).

Imagens que demonstram a classificação da mucocele biliar

É importante ressaltar que as estrias hiperecóicas na parede não são bom sinal, e podem estar associados à áreas de necrose, com risco iminente de rotura de vesícula biliar.


música e descrição

Nesta semana no Instagram, eu publiquei no música e descrição um caso de mucocele biliar (de uma conferida lá) que é o mesmo das imagens abaixo, então observe a imagem e responda ao quiz.


qual o grau da mucocele do caso acima?

  • Grau I

  • Grau II

  • Grau III

  • Grau IV


referências



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