resumos publicados no X SINDIV
- douglasrodrigomatt

- 5 de nov.
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Atualizado: 16 de nov.
Durante o X SINDIV, tivemos a oportunidade de compartilhar dois casos interessantes atendidos no CEMEV. Ambos os trabalhos foram divulgados no formato de banner e aqui teremos o mesmo conteúdo publicado, mas comentado e com imagens e vídeos em maior resolução. Confira abaixo.
ureter circuncaval bilateral associado à duplicação de veia cava caudal em gato - relato de caso
Autores: Douglas Rodrigo Mattei1 3, Marina Trad Cavalcanti2, Letícia Cordeiro de
Pina Comondá Pereira1, Yuri Salvaterra1, Lucas da Silva Monteiro1
1 Médico(a) Veterinário(a), Imaginologista em CEMEV – Centro de Especialidades Médico Veterinário, Campo Grande (MS), e-mail: douglasrodrigomattei@gmail.com
2 Graduanda em Medicina Veterinária, UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), Campo Grande (MS)
3 Mestrando em Biotecnologia, UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), Campo Grande (MS)
introdução
As variações anatômicas e malformações vasculares têm ganhado maior destaque com a melhoria da qualidade das imagens obtidas pelos exames ultrassonográficos e a ampliação ao acesso de exames complexos como a tomografia computadorizada. A duplicação de veia cava caudal é uma das variações anatômicas observadas em felinos que pode estar associada a outras malformações como ureter circuncaval2 4. A sintomatologia clínica desta variação anatômica é, em sua grande maioria, inexistente. Mas quando associada à transposição ureteral, os sinais clínicos estarão associados à estenose ureteral3 4, e achados como pielectasia e hidronefrose podem estar presentes. Expomos aqui o caso de um felino com angústia pélvica pós-traumática com deslocamento intra-pelvico da bexiga, onde a duplicação total de veia cava caudal com transposição bilateral dos ureteres estava associada à pielectasia esquerda e hidronefrose direita.
relato de caso

Um gato, macho, sem raça definida, de aproximadamente quatro meses de idade submetido à osteossíntese pélvica após trauma automobilístico, foi encaminhado à ultrassonografia por apresentar disúria no pós-operatório. Observou-se pielectasia esquerda e hidronefrose moderada direita, não sendo possível neste momento caracterizar todo o trajeto de ureteres. A urografia excretora demonstrou adequado trajeto ureteral esquerdo e ausência da fase de pielograma direito (Figura 1A), sendo realizada então pielografia anterógrada, que evidenciou o trajeto ureteral direito demonstrando discreta tortuosidade medial em sua porção média e importante estenose de sua porção distal (Figura 1B), pela posição intrapélvica da bexiga.

Tomografia abdominal sequente comprovou estes achados (Figura 2), evidenciando ainda a duplicação total de veia cava caudal com transposição medial de ambos os ureteres. Em reavaliação ultrassonográfica de monitoramento a ectasia ureteral direita auxiliou na caracterização da transposição ureteral pela face dorsal do segmento direito da veia cava caudal (Figura 3).

discussão e conclusão
A prevalência da duplicação de veia cava caudal associada ao ureter circuncaval bilateral é de 3,3% em gatos2, com achados geralmente incidentais, que vão de estenose ureteral (14%) à doença renal crônica (73%)4. Obstrução ureteral é observada em sua maioria em ureter direito4 e outras potenciais malformações vasculares, como desvios portossistêmicos também são relatados3. Neste caso, a pielografia anterógrada foi decisiva para o estudo ureteral direito pela ausência da fase de pielograma na urografia excretora, secundária à insuficiência renal direita pós-renal1 pelos pontos de estenose ureteral observados na sua transposição pela face dorsal da veia cava caudal e no seu trajeto tortuoso distal, intrapélvico, que associado aos sinais de angústia pélvica, presume-se pelos autores ser a principal causa das consequências observadas em rim direito. A tomografia demonstrou-se precisa no diagnóstico da alteração vascular enquanto o comportamento do paciente prejudicou o diagnóstico nos exames ultrassonográficos anteriores. Com este estudo, é possível documentar a importância de cada modalidade de exame no diagnóstico e monitoramento destas condições.
referências
ADIN, CHRISTOPHER A.; HERRGESELL, ERIC J.; NYLAND, THOMAS G.; HUGHES, JOANNE M.; GREGORY, CLARE R. KYLES, ANDREW E.; COWGILL, LARRY D. LING, GERALD V. Anterograde pyelography for suspected ureteral obstruction in cats: 11 cases (1995–2001). American Veterinary Association. v. 22, 2003
BÉLANGER, Régine; SHMON, Cindy L.; GILLBERT, Peter J.; LINN, Kathleen A. Prevalence of circumcaval ureters and double caudal vena cava in cats. American Journal of Veterinary Research. v. 75, n. 1, 2014.
KOÇAK, Yamur; MUTLU, Zihni. Duplication of caudal vena cava in a cat. Kafkas Universitesi Veteriner Fakultesi Dergisi. v. 30, n. 2, 2024.
STENHAUS, J.; BERENT, A.C.; WEISSE, C.; EATRIFF, A.; DONOVAN, T.; HADDAD, J.; BAGLEY, D. Clinical presentation and outcume of cats with circumcaval ureters associated with a ureteral obstruction. Journal of Veterinary Internal Medicina. v. 29, 2015.
disgenesia sacrococcígea em cão - relato de caso
Autores: Úrsula Rodrigues1, Letícia Cordeiro de Pina Comondá Pereira2, Douglas Rodrigo Mattei2 3
1 Graduanda em Medicina Veterinária, UNIDERP (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal), Campo Grande (MS), e-mail: ursulasorrilha@gmail.com
2 Médico(a) Veterinário(a), Imaginologista em CEMEV – Centro de Especialidades Médico Veterinário, Campo Grande (MS)
3 Mestrando em Biotecnologia, UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), Campo Grande (MS)
introdução
Disgenesias sacrococcígeas são malformações congênitas que acometem as estruturas ósseas e de tecidos moles da coluna lombossacra e coccígea, decorrentes de defeitos no desenvolvimento do tubo neural de origem genética ou ambiental². Resultando em déficits neurológicos, como paresia de membros pélvicos, incontinência urinária e fecal.
Em gatos Manx, há uma herança autossômica dominante associada ao gene TBXT³. Em cães, são raras e pouco documentadas, isoladas ou vinculadas à síndrome de regressão caudal¹. Em bovinos, há relatos de disgenesia/agenesia sacrococcígea associada a outras malformações⁴.
O diagnóstico varia com a gravidade e extensão da lesão neural, manifestando-se por alterações de reflexos pélvicos, na propriocepção e controle esfincteriano. A avaliação por imagem é fundamental: a radiografia detecta alterações ósseas iniciais, a tomografia propicia maior detalhe anatômico, e a ressonância permite avaliar medula, meninges e tecidos moles² (padrão ouro no diagnóstico).
Este trabalho relata um caso de disgenesia sacrococcígea em cão, enfatizando achados de imagem que contribuem com diagnóstico diferencial e manejo clínico.
relato de caso

Um cão, raça Shih-Tzu, fêmea, de oito meses de idade, foi encaminhado para radiografia pélvica. As projeções Laterolateral (LL) e Ventrodorsal (VD) revelam incongruência articular coxofemoral bilateral (Figura 1), vértebra transicional em região lombossacral e a presença de discreto corpo vertebral em topografia de sacro, com evidente encurtamento longitudinal e não caracterização radiográfica de seu processo espinhoso. Notou-se ainda, em tecidos moles adjacentes, uma

estrutura de aspecto tendendo a nodular de radiopacidade água, de contornos bem definidos e conteúdo homogêneo, com sua porção cranial mais alongada e em continuidade com a topografia de canal vertebral. Caudalmente à formação supracitada, observou-se fragmento ósseo livre semelhante a corpo vertebral caudal (Figura 2). A varredura ultrassonográfica da região evidenciou uma estrutura tubular em fundo cego com projeção de aparente continuidade ao canal medular, preenchida por conteúdo anecoico e formadora de reforço acústico posterior (Figura 3).

discussão e conclusão
A visualização de discreta porção do sacro e uma vértebra caudal rudimentar, caracteriza disgenesia sacrococcígea, visto que na agenesia há ausência total destes segmentos1. A imagem nodular observada na radiografia, compatível com lesão cística à ultrassonografia, sugeriu meningocele3 associada à disgenesia sacrococcígea.
Embora a ressonância magnética ofereça detalhamento anatômico ideal, sua indisponibilidade local tornou a radiografia e a ultrassonografia essenciais, sendo o último particularmente relevante e inesperado. A falha de fechamento da coluna criou uma janela acústica natural, permitindo avaliar a comunicação entre a dilatação sacular e o canal vertebral, que em condições normais não seriam acessíveis ao ultrassom nesta região. A combinação de técnicas permitiu o registro detalhado das características anatômicas e estruturais, contribuindo para a discussão de diagnósticos diferenciais e abordagens terapêuticas.
Este relato evidencia a importância da adaptação das modalidades de imagem às condições clínicas e estruturais disponíveis e contribui para o manejo e diagnóstico de futuras suspeitas de disgenesia sacrococcígea.
referências
DELL’APA, D.; FUMEO, M.; VOLTA, A.; BERNARDINI, M.; FIDANZIO, F.; BUAGNI, V.; CHRISTEN, M.; JAGANNATHAN, V.; LEEB, T.; BIANCHI, E. Case report: Sacral agenesis in two boxer dogs: clinical presentation, diagnostic investigations, and outcome. Frontiers in Veterinary Science, v. 10, art. 1201484, 2023. DOI 10.3389/fvets.2023.1201484
CHOI, Soo-Young; LEE, In; CHO, Na-Young; SHIN, Bong-Hun; LEE, Ki-Ja; CHOI, Ho-Jung; LEE, Young-Won. Imaging diagnosis of sacrocaudal dysgenesis in a Shih-tzu dog. Journal of Veterinary Clinics, v. 33, n. 6, p. 389–391, 2016. DOI: 10.17555/jvc.2016.12.33.6.389
ARAÚJO, Felipe Purcell de; ARAÚJO, Bruno Martins; KEMPER, Bernardo; TUDURY, Eduardo Alberto. Associação de agenesia sacrococcígea e atresia anal em gato sem raça definida. Ciência Rural, v. 39, n. 6, p. 1893–1896, set. 2009. DOI: 10.1590/S0103-84782009000600041
ABDEL HAMID, M. A.; HASSAN, E. A. Clinical and radiographic diagnosis of sacrococcygeal agenesis in a one-day-old buffalo calf. Large Animal Review, v. 28, p. 107–109, 2022.






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