agenesia renal
- 14 de dez. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 11 de abr. de 2023
A agensia renal é a condição, congênita, da qual o paciente nasce sem o parênquima renal. Obviamente é unilateral, pois a agenesia renal bilateral é incompatível com a vida.
Para o exame ultrassonográfico é uma condição desafiadora, pois custamos a acreditar que o rim não está lá. Geralmente acreditamos, primeiramente, ser uma falha na nossa varredura, depois colocamos a culpa em algum gás, ou condição corporal do paciente que prejudica a técnica para então, nos convencermos que realmente estamos em uma condição de agenesia.
Na última semana atendi uma paciente Shih Tzu, que nunca havia passado por um procedimento cirúrgico e, não foi localizado o rim esquerdo. Para documentar a falta do rim em sua topografia habitual, vou dar algumas dicas.
Obs.: O rim é um órgão do qual também pode estar localizado em uma topografia errônea, e neste caso denominamos ectopia renal/rim ectópico. Para assegurar de que temos uma agenesia, temos que varrer o abdômen inteiro do paciente para enfim ter certeza de que ele não esta em outro lugar.
estruturas adjacentes e relações anatômicas
Os rins estão localizado na região retroperitoneal. O esquerdo, caudal ao baço e, nas fêmeas, cranial ao ovário. Então varrer essa região e documentar isso é muito importante. Já o rim direito limita sua extremidade cranial na fossa renal: uma impressão na superfície hepática, localizada no processo caudado do lobo caudado. A varredura dessas regiões deve ser minuciosa e salve bem as imagens, se possível em vídeo, para mostrar que você tentou adequadamente a técnica de localização.
Nós usualmente utilizamos os rins como referência para localizar as adrenais, correto? Então faça o mesmo para localizar o rim: encontre a adrenal e faça a varredura craniolateral, para mostrar que o rim não estão ali. Também documente isso com imagens e vídeos.
Além disso, devemos lembrar que o rim direito faz íntima relação anatômica com o fígado, que forma uma fossa renal, envolvendo a margem cranial do rim.
É importante sabermos essas relações anatômicas pois em casos de não encontrarmos os rins nestas topografias habituais, o ideal é salvarmos imagens e vídeos que, comprovem que fizemos a varredura adequada e, definitivamente, o rim ali não estava.
anatomia vascular
Anatomia, como já vimos, é essencial, e a anatomia vascular nos ajuda nesse caso. As artérias renais são ramos da aorta, facilmente identificáveis. No meu paciente, o rim ausente era o esquerdo e, a artéria renal esquerda é a terceira grande ramificação da aorta. Então segui a aorta para localizar a primeira ramificação (tronco celíaco), a segunda ramificação (artéria mesentérica cranial) e a artéria renal deveria ser a terceira, não encontrada.
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Essas ramificações ficam mais fáceis de encontrar com o auxílio do Doppler, mas vejam que é possível localizar também utilizando apenas o Modo B. No próximo vídeo observem o mapeamento da colorido da Aorta, onde deveria haver a ramificação que se origina a artéria renal esquerda.
Mais uma vez reforço que é necessário varrer o abdômen todo para garantir que não seja uma ectopia renal. Nas vezes que encontrei ectopia renal, o mesmo estava localizado adjacente caudalmente à bexiga, mas a inexperiência daquele tempo não me fez investigar se a artéria renal se originava em sua topografia habitual ou se era mais caudal (depois que a gente aprende umas coisas dá vontade de voltar no tempo né?)
Se não há histórico que comprove que seu paciente realmente nunca passou por cirurgia, daí sugiro colocar como comentário que a não caracterização renal está associada a agenesia renal ou nefrectomia.
outros achados
Um achado comum em caso de agenesia é a renomegalia contralateral. Essa renomegalia acontece por hipertrofia renal compensatória, quando os tecidos renais promovem aumento das dimensões renais para exercer uma função compensatória por não haver o outro rim.
Nestes casos, devemos utilizar valores de referência para comprovar a renomegalia. Essas referências podem considerar um intervalo de peso ou relações rim/aorta ou rim/L5 ou L6. Não é em todos os pacientes que observamos a renomegalia. Como o intervalo de referência de cães é muito amplo, às vezes mesmo o rim sendo visualmente grande, está dentro dos valores de referência.
Nos felinos, a renomegalia por hipertrofia compensatória também é observada. Em um paciente felino que tinha agenesia renal direita, o rim esquerdo media 5,12cm, caracterizando renomegalia por hipertrofia compensatória.

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